terça-feira, 15 de dezembro de 2009

10 motivos pra você valorizar o capital humano da sua agência

Nas ultimas semanas, recebi três e-mails que me chamaram a atenção para um assunto extremamente negligenciado pela maioria das agências brasileiras: a valorização dos seus empregados.

O primeiro e-mail foi de um leitor que me enviou seu CV e portfólio – muito bom por sinal - e contou que, após três anos como redator na mesma agência – onde ganhou prêmios, inclusive – nunca havia tido aumento de salário, e, portanto, acabara de pedir demissão.

O segundo foi de outro leitor que havia deixado de trabalhar em agência pra fazer parte de uma empresa de consultoria de branding, onde, segundo ele, ‘todos os funcionários tem bônus e plano de carreira’. Como ele mesmo me disse ‘ é coisa rara no nosso mercado’.

No terceiro, um amigo que havia sido diretor de criação em uma agência de médio porte no sul, contou sobre sua frustrante experiência no mesmo cargo em uma agência maior em São Paulo. 'O meu cargo na agência anterior era de gestor só no nome’, afirmou. Ele acabara de descobrir que nunca havia desempenhado um real papel de Diretor de Criação. Ponto negativo pra agência anterior, que provavelmente nem sabe a função real de tal profissional e nunca se preocupou com a capacitação dos seus profissionais, e para a atual, que o contratou sem avaliar muita coisa.

Casos assim não são nenhuma novidade pra quem trabalha com publicidade e comunicação no Brasil. Infelizmente, Gestão de Pessoas, algo que vem se mostrando cada vez mais imprescindível no mundo empresarial, é uma palavrinha que não está nem perto da pauta da maioria das agências brasileiras. As exceções são poucas, mas, geralmente, as melhores.

Pra mostrar a você, gestor, executivo ou dono de agência, que vale a pena investir no seu capital humano, montei uma lista com 10 dos principais benefícios para o seu negócio. Vamos lá:

1 – Pessoa certas nos lugares certos
Geralmente, os processos seletivos em agência são informais. Disponibilizam uma vaga, reúnem alguns CVs e portfólios, escolhem alguns candidatos pra conversar e em poucos dias o escolhido já está trabalhando na agência. De vez em quando, dão sorte e encontram talentos. Só que na maioria dos casos, acabam contratando pessoas sem experiência, com valores diferentes dos da agência, com perfis não adequados, além de gente sem talento algum. Pra consertar a situação, acabam gastando mais tempo e dinheiro do que em um processo bem estruturado.

2 – Pessoas satisfeitas

Infelizmente, estamos em uma área que, historicamente, exige que as pessoas trabalhem muito mais do que o ‘combinado’. Com raras exceções, não há hora pra sair, trabalha-se muito nos finais de semana e feriados se transformam em dias úteis com uma enorme facilidade. Isso pode gerar problemas pessoais, estresse, e até mesmo um sentimento de ‘injustiça’ por parte do empregado. Algumas agências alegam que dão, posteriormente, tempo livre aos seus profissionais. O grande problema é que, se não formalizado – como em um banco de horas, por exemplo – você acaba dependendo da subjetividade de cada um. Além disso, pessoas precisam de reconhecimento – que deve ir além das premiações dadas por terceiros e de aparições nas fichas técnicas. Lembre-se que a matéria prima mais importante de uma agência é o seu capital humano. Uma pessoa insatisfeita, insegura ou com qualquer problema não produz como poderia o que e, assim, perde-se a qualidade da entrega.

3 – Profissionais atualizados
Se a empresa não trabalhar o desenvolvimento do profissional, este se tornará obsoleto em pouco tempo. Para tal, a educação, a capacitação e todos os meios que visem o desenvolvimento das pessoas na direção destes objetivos, tornam-se ferramentas de maior importância dentro do contexto de transformação individual e coletiva. Em tempos de revolução na forma de se fazer comunicação, treinar é algo crucial. Lembre-se de que, se pensarmos única e exclusivamente em mudar processos e não priorizarmos as pessoas como os principais agentes de mudanças, estaremos fadados ao fracasso.

4 – Pessoas dispostas a melhorar e crescer
Em muitas agências, ninguém sabe ao certo quais são os atributos necessários para ser promovido, para ganhar mais responsabilidade e por conseqüência mais dinheiro. As melhores empresas têm avaliações completíssimas do desempenho de um funcionário que passa a ser avaliado pelos seus companheiros de equipe, seu superior e seus subordinados em diversos atributos que depois de tabulados são devolvidos a cada um com dicas e orientações para destacar pontos fortes e corrigir pontos fracos de um funcionário. Sabe-se que para ser promovido é preciso tempo de casa (planos de carreira ajudam muito), mais boas notas em determinados atributos que são fundamentais para ocupar o próximo cargo.

5 – Valorização dos melhores
No mundo empresarial, identificar o profissional de desempenho superior, aquele que traz resultados significativos para a empresa e que não deveria ser ‘perdido’ para o mercado é, provavelmente, o maior desafio dos gestores e para o próprio profissional que, na maioria das vezes, não sabe se seu desempenho está de acordo com as expectativas, qual é o seu valor para a empresa e onde poderá chegar caso permaneça nesta empresa ou vá para outra qualquer. Nas agências, não deveria ser diferente. Assim, é possível evitar uma conversa muito comum nos corredores das agências: ‘Se eu faço a mesma coisa que fulano, por que ele ganha o dobro do que eu?’.

6 – Clareza em relação ao que é esperado
Quando o profissional tem clareza em relação à função que ocupa, ele rende mais e, com isso, produz mais e melhor. É muito comum nas agências, um profissional assumir um departamento sem ter nenhuma experiência com o gerenciamento – principalmente de pessoas que é, na minha opinião, o maior desafio de um profissional – e continuar realizando funções técnicas do cargo anterior com a vantagem de, agora, ‘poder mandar mais’. Se um profissional não sabe seu papel, não dá pra exigir nada.

Para ilustrar esse ponto, segue outro trecho do artigo da revista Você/SA: “Se trabalhasse em uma empresa tradicional e tivesse um cargo de direção como o que tem hoje, o publicitário paulistano Paulo Celso Freitas, o PC, de 42 anos, certamente já teria participado de um programa de coaching. Mas foi apenas no fim do ano passado que ele foi escalado para um processo desses. ‘Só aí consegui ter uma idéia mais clara do meu papel como gestor’, diz ele, que é diretor de grupo de contas da Talent, agência de publicidade paulistana.”

7– Redução do turnover
Sem perspectivas de crescimento, a mudança de agência acaba sendo a única solução para ser promovido e evoluir na carreira. Muitas vezes, a única forma de obter um aumento é mudando de agência. Isso é péssimo, pois um pedido de demissão custa caro pra qualquer empresa. Além das despesas trabalhistas, há os custos da nova contratação, do menor rendimento do novo funcionário no período de adaptação (que geralmente é de 6 meses), e o risco de uma má contratação – que acarreta em ainda mais gastos. Além disso, esse empregado que decide sair, por ser aquele talento que produz mais e faz a diferença, ou outra pessoa que pode levar um pode levar um pouco do seu diferencial ao concorrente.

8 – Rapidez nas mudanças e capacidade de resposta
Mudança é algo essencial para a sobrevivência de qualquer empresa. Com o mundo em constante mutação, só sobrevivem os que conseguem se adaptar. Como mudanças geralmente esbarram em barreiras culturais e resistências individuais, é preciso, para isso, partir de um trabalho amplo de mudança de atitudes e desenvolvimento de novas competências.

9 - Atração de talentos
Uma agência que valoriza e lida bem com as pessoas agrega muito a sua marca. Com isso, desperta o desejo dos melhores profissionais do mercado.

10 – Melhores resultados financeiros
Com as pessoas satisfeitas, preparadas e dispostas a crescer, a produtividade e a qualidade do seu trabalho aumenta, e muito. Com isso, chegam novos clientes, os atuais ficam ainda mais encantados, sua equipe se mantem em constante desenvolvimento e você passa ser cada vez melhor. Assim, as pessoas, além do principal ativo da empresa, passam a ser sua maior vantagem competitiva – ou seja, o principal fator de crescimento sustentável da sua empresa.

Em um tipo de negócio que depende inteiramente do desempenho das pessoas, gerí-las bem é crucial. E foi exatamente isso que me levou a escrever este texto. Trabalho em uma agência que está seguindo uma direção bem interessante nesse sentido, e posso dizer, pela prática, que se trata de é algo que realmente faz a diferença. Portanto, se você quer ser uma agência melhor, vale a pena pensar no assunto. Fica a dica.
 

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